segunda-feira, 23 de maio de 2011

Contos sobre a África

22 de maio, domingo. Iniciou o ‘Projeto Mostra Colisão’ com o espetáculo teatral “Misturando histórias em contos africanos”, da Cia. Misturando Histórias. O teatro do Espaço Cultural Sylvio Monteiro, localizado em Nova Iguaçu, estava cheio. Muitas crianças, inclusive, elas eram as que mais prestavam atenção na peça que misturava contação de histórias e teatro. O espetáculo é norteado por cinco contos africanos que são narrados por um contador de histórias africano, o Griot, que não se limitava a narrá-las.

Atrizes Sonia Lima e Josy encenando contos africanos
O nome da Cia. teatral foi sugerido por Sonia Lima, ideia vinda devido misturar a história das duas integrantes. A companhia sempre contou histórias de vários continentes, mas dessa vez, escolherão apenas um, no caso a África. Na escolha de quais contos irem para o espetáculo, foi pesquisado e buscaram histórias africanas na internet, e no processo de seleção de quais histórias iriam usar, após terem encontradas de 30 à 50 diferentes, escolheram 5 para a fase final. “Às vezes troca-se uma história ou outra quando fazemos o espetáculo, mas sempre são quase as mesmas”, contou Sonia.  

“O processo foi pronto para o Fundo Municipal de Cultura em 2009”, onde contabiliza cinco apresentações pelo fundo. Na parte de montagem, Josy e Sonia tiveram um músico para auxiliar, Maciel. “Ele trabalhou com todas as pesquisas de músicas de acordo com o que queríamos para o projeto”, afirmou Josy. Em cenografia, o responsável foi o Zito, que após elas mostrarem fotos da África e um parecer de como queriam, conseguiu chegar ao painel do espetáculo. O figurino também foi pelo mesmo caminho, porém a idéia não era deixar um lado somente africano, mas também misturar um pouco a história do brasil.

Elas praticamente são a válvula do espetáculo, sem elas nada funciona, aliás, são elas que dirigem, encenam, e fazem tudo do espetáculo. “Nos ensaios, nós duas nos reunimos sempre para estudar o texto, até que depois reuníamos todo o grupo para ver a composição do completo”, afirmou Sonia. Mesmo as duas sendo as diretoras, não se pode retirar o crédito do músico que também ajudou na direção cênica, ocupando também vários papéis.

Ao contrário de Sonia, existe uma linha de contadores de histórias que não gostam de misturar a linha de expressão deles com o teatro. Sonia trabalha há cinco anos com contação de histórias, e foi se juntando com a Josy, parte teatral, que todo o processo começou a andar. Em relação aos outros espetáculos da companhia, esse é o único a misturar objetos cênicos. “Isso revela uma mistura um pouco diferente, mostrando o desafio de ter modificado algumas coisas, e no amadurecimento do espetáculo”. Pode-se dizer que foi uma experiência, um laboratório, mostrando o desafio e o crescimento da companhia. 

2 comentários:

Martingil Egypto disse...

Uma contadora de histórias e uma atriz do município de Nova Iguaçu, juntas desenvolvem um sério trabalho de pesquisas sobre contos e lendas dos continentes, traduzindo-os para o palco, através do Teatro, unindo as duas linguagens cênicas.
Em Contos Africanos, reuniram quatro, de uma infinidade de histórias daquele continente.
No que se refere à concepção cenográfica, abordei aspectos, que no meu entendimento, precisam ser revistos:
A proporção – Como exemplo, a árvore pintada no telão de fundo, que sugeri ser tudo substituído por uma árvore realmente frondosa, de onde os objetos cênicos poderiam ser retirados.
A unidade visual – É preciso um cuidado com os elementos cênicos, para que haja uma harmonia. Os bancos e o cesto foram os que mais me chamaram a atenção, por destoarem do conjunto.

wilson belém disse...

Espetáculo de Contação de Histórias que revela uma consistente pesquisa sobre a tradição oral do continente africano. Merece destaque a boa seleção de histórias, mitos e lendas, garantindo o interesse da plateia.
É estimulante constatar o esforço da produção em manter vivo o universo dos griots, rapsodos, menestréis, enfim, dos narradores presentes em todos os tempos, em diversas culturas.
O espetáculo alterna a contação com momentos de representação das histórias.
Creio que esta proposta poderá ser potencializada se nos momentos de narração as intérpretes acreditarem mais na eficácia e no poder da palavra, na cumplicidade gerada pelo “olho no olho” com a plateia. Da mesma forma, nos momentos em que os personagens ganham vida é necessário um aprofundamento do trabalho corporal e vocal, uma maior entrega ao jogo cênico.
O uso excessivo de objetos e adereços, muitos deles belos e encantadores, algumas vezes interrompe o fluxo do espetáculo e consequentemente o envolvimento com as histórias. Seria interessante investigar quais desses elementos impõem-se como realmente necessários para a partir de então trabalhar a sua articulação com a cena.
Seria importante também investir num maior diálogo entre estes objetos, o cenário e o figurino que carecem de unidade visual, o que prejudica a constituição de um ambiente mais orgânico e mágico para o revelar-se de tantas belas histórias.