Após todos os
espetáculos três profissionais com experiência no campo artístico e cultural,
que tem trabalho reconhecido nessa área, irão comentar sobre o espetáculo e dar
seus 'pitacos'. Neste, Sanaira D’Ávila, Marcia Valeria e Breno Sanches, comentam
sobre o sétimo espetáculo exibido no colisão teatral, dia 26 de maio: "Amargas
horas".
Sonaira D'Ávila
“Falta transição de cena, e o conflito é pouco explorado” - Com algumas
coisas que são de recursos muito interessantes, o espetáculo tem um conceito
logo de início e de fácil percepção, que em sua opinião, se esgota rapidamente
por ser muito longo. “Alguns momentos eu vejo que tem uma coreografia, mas os
atores não conseguem executar”, disse Sonaira, complementando que há falta de trabalho
corporal dos atores. “Para este tipo de espetáculo, tem que ir além, ter um
despudor e colocar para fora os ‘demônios’, assumir o corpo”, afirmou. Os
demônios que Sonaira diz, é em relação a entregar-se mesmo e mostrar
completamente a falta de pudor, já que essa é a proposta do espetáculo. Um dos
pontos interessantes é o uso da cinta pela atriz, o que é de fácil percepção
que a cinta é da atriz a não de sua personagem. Outro ponto interessante é o
uso das cartas de Tarô. “O recurso da carta de tarô é interessante, mas também
se esgota rápido, além de ser repetitivo e longo, quase um método didático,
explicando o que significa cada carta”, comentou. Isso faz com que a peça perca
completamente sua magia. “Falta transição de cena, e o conflito é pouco
explorado”, disse. Insistiu na questão do despudor, de não pode ter medo, além
de comentar sobre a decadência da personagem, que tem um pouco da decadência
faltando na cena. “O espetáculo é ‘maldito’, mas os atores não podem deixar o
medo para um tipo de espetáculo como esse, pois acaba sendo contraproducente em
relação à história que se conta”, finalizou.
Breno Sanches
“Na parte das cartas, fica muito didático; Explicando o que significa
cada carta que viu” - “O início já cansa um pouco!”, opinião feita por todos os
debatedores, também reforçada por Breno. “Fica horas na primeira música e nada
acontece; Podia entrar na hora da música com todo clima que a música
proporciona”, disse. Afirmando gostar de textos do Bertold Brecht, uma coisa
que ele achou interessante é a questão futura que ao mesmo tempo dela ser uma
cartomante, o foco é muito mais no que ela passou como prostituta do que como
cartomante. “Senti falta de saber quem era a pessoa que ela (cartomante) estava
conversando, o porquê de a cartomante contar os seus segredos para esta pessoa
ao ir comentando a história que ela viveu”, revelou. Sobre as cartas de Tarô,
ele também teve a mesma impressão que Sonaira. “Na parte das cartas, fica muito
didático; Explicando o que significa cada carta que viu”. Uma confusão ficou
intrínsica em Breno: “Tem uns momentos que ela está aqui, eu visualizo a
personagem o tempo inteiro, como se ela estivesse no passado e voltado ao
presente, e fico meio confuso”, contou. Esta questão, pertinente não só entre
os debatedores, mas em toda a plateia, deixou o texto um pouco confuso. “Onde pode
haver essa desconstrução e qual a relação dela não esta ali, mesmo o público
visualizando que ela está o tempo inteiro?”, indagou.
Marcia Valeria
“(...) Não é necessário assistir três vezes a mesma cena para se
entender uma rinha entre dois personagens com o leque” - “Quando o espetáculo
começa e demora, penso que trará algo novo, só que não aparece nada novo, e
nenhum momento vem à utilidade”, disse. Deu sugestões em alguns figurinos,
como: O da morte e da imperatriz. “Uma sugestão é o manto da morte ser maior do
que é indo até os pés, cobrindo a cadeira, e o manto da imperatriz, que fica
parecendo uma chapeuzinho vermelho, mas é uma impressão que causa, e parece
muito melhor que isso”, comentou. Ainda no figurino, sugeriu um sapato que
ajude esteticamente. “Devido à demora para abotoar, os sapatos não ajudam,
vamos procurar algo que ajude na estética e no equilíbrio na hora de dançar”,
sugeriu. Repetições, muita repetição de cena. “Pegue a cena, faça uma síntese
de tudo e apresente ‘A cena’, pois não é necessário assistir três vezes a mesma
cena para se entender uma rinha entre dois personagens com o leque”,
exemplificou. A questão da cinta, muito pertinente, era perceptível que era da
atriz e não da personagem. Finalizou comentando sobre o trabalho corporal onde
os atores fazem as sombras de cada carta do tarô. “Necessita de preparação
corporal para fazer as sombras, para ficar um espetáculo afinado, pois é fácil
de perceber que é falta de preparação física e não de recurso técnico”.
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