segunda-feira, 30 de maio de 2011

Eles comentam - 'Amargas Horas'

Após todos os espetáculos três profissionais com experiência no campo artístico e cultural, que tem trabalho reconhecido nessa área, irão comentar sobre o espetáculo e dar seus 'pitacos'. Neste, Sanaira D’Ávila, Marcia Valeria e Breno Sanches, comentam sobre o sétimo espetáculo exibido no colisão teatral, dia 26 de maio: "Amargas horas".

Sonaira D'Ávila

“Falta transição de cena, e o conflito é pouco explorado” - Com algumas coisas que são de recursos muito interessantes, o espetáculo tem um conceito logo de início e de fácil percepção, que em sua opinião, se esgota rapidamente por ser muito longo. “Alguns momentos eu vejo que tem uma coreografia, mas os atores não conseguem executar”, disse Sonaira, complementando que há falta de trabalho corporal dos atores. “Para este tipo de espetáculo, tem que ir além, ter um despudor e colocar para fora os ‘demônios’, assumir o corpo”, afirmou. Os demônios que Sonaira diz, é em relação a entregar-se mesmo e mostrar completamente a falta de pudor, já que essa é a proposta do espetáculo. Um dos pontos interessantes é o uso da cinta pela atriz, o que é de fácil percepção que a cinta é da atriz a não de sua personagem. Outro ponto interessante é o uso das cartas de Tarô. “O recurso da carta de tarô é interessante, mas também se esgota rápido, além de ser repetitivo e longo, quase um método didático, explicando o que significa cada carta”, comentou. Isso faz com que a peça perca completamente sua magia. “Falta transição de cena, e o conflito é pouco explorado”, disse. Insistiu na questão do despudor, de não pode ter medo, além de comentar sobre a decadência da personagem, que tem um pouco da decadência faltando na cena. “O espetáculo é ‘maldito’, mas os atores não podem deixar o medo para um tipo de espetáculo como esse, pois acaba sendo contraproducente em relação à história que se conta”, finalizou.

Breno Sanches

“Na parte das cartas, fica muito didático; Explicando o que significa cada carta que viu” - “O início já cansa um pouco!”, opinião feita por todos os debatedores, também reforçada por Breno. “Fica horas na primeira música e nada acontece; Podia entrar na hora da música com todo clima que a música proporciona”, disse. Afirmando gostar de textos do Bertold Brecht, uma coisa que ele achou interessante é a questão futura que ao mesmo tempo dela ser uma cartomante, o foco é muito mais no que ela passou como prostituta do que como cartomante. “Senti falta de saber quem era a pessoa que ela (cartomante) estava conversando, o porquê de a cartomante contar os seus segredos para esta pessoa ao ir comentando a história que ela viveu”, revelou. Sobre as cartas de Tarô, ele também teve a mesma impressão que Sonaira. “Na parte das cartas, fica muito didático; Explicando o que significa cada carta que viu”. Uma confusão ficou intrínsica em Breno: “Tem uns momentos que ela está aqui, eu visualizo a personagem o tempo inteiro, como se ela estivesse no passado e voltado ao presente, e fico meio confuso”, contou. Esta questão, pertinente não só entre os debatedores, mas em toda a plateia, deixou o texto um pouco confuso. “Onde pode haver essa desconstrução e qual a relação dela não esta ali, mesmo o público visualizando que ela está o tempo inteiro?”, indagou.

Marcia Valeria

“(...) Não é necessário assistir três vezes a mesma cena para se entender uma rinha entre dois personagens com o leque” - “Quando o espetáculo começa e demora, penso que trará algo novo, só que não aparece nada novo, e nenhum momento vem à utilidade”, disse. Deu sugestões em alguns figurinos, como: O da morte e da imperatriz. “Uma sugestão é o manto da morte ser maior do que é indo até os pés, cobrindo a cadeira, e o manto da imperatriz, que fica parecendo uma chapeuzinho vermelho, mas é uma impressão que causa, e parece muito melhor que isso”, comentou. Ainda no figurino, sugeriu um sapato que ajude esteticamente. “Devido à demora para abotoar, os sapatos não ajudam, vamos procurar algo que ajude na estética e no equilíbrio na hora de dançar”, sugeriu. Repetições, muita repetição de cena. “Pegue a cena, faça uma síntese de tudo e apresente ‘A cena’, pois não é necessário assistir três vezes a mesma cena para se entender uma rinha entre dois personagens com o leque”, exemplificou. A questão da cinta, muito pertinente, era perceptível que era da atriz e não da personagem. Finalizou comentando sobre o trabalho corporal onde os atores fazem as sombras de cada carta do tarô. “Necessita de preparação corporal para fazer as sombras, para ficar um espetáculo afinado, pois é fácil de perceber que é falta de preparação física e não de recurso técnico”.

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