terça-feira, 31 de maio de 2011

Eles comentam - 'A dama da noite'

Após todos os espetáculos três profissionais com experiência no campo artístico e cultural, que tem trabalho reconhecido nessa área, irão comentar sobre o espetáculo e dar seus 'pitacos'. Neste, Wilson Belém, Marcia Valeria e Breno Sanches, comentam sobre o ultimo/nono espetáculo exibido no colisão teatral: "A dama da noite".

Breno Sanches

“Eu fico louco para ver ele se dilacerando aos poucos, mas ele já chega dilacerado” - Comentou a presença da roda no texto, da roda no cenário, mas sentiu falta dela mais presente no espetáculo. “Tem uma coisa que ele entra por essa roda e ali dentro está sustento, preso na roda, e ele fala o tempo inteiro dessa roda, e acho que sinto falta dessa roda no espetáculo”, disse. O personagem vem em um tom de questionamento, ele se revela muito. Uma pessoa querendo se colocar para fora. “Eu fico louco para ver ele se dilacerando aos poucos, mas ele já chega dilacerado”, comentou. Uma das questões que o intrigou foi o personagem ficar muito mais tempo sentado, que ter movimentação dentro da roda cênica criada pelo cenário. “Ele fica noventa e tantos por cento sentados, e ele fica muito tempo ali, ele é uma pessoa que está tentando se encontrar, então senti falta de uma acelerada”, finalizou.

Marcia Valeria

“Só ajuda e complementam, além de me presentearem nesta noite” - “Fui tomada pelo espetáculo”, iniciou Marcia. Comentou que o espetáculo tem uma boa direção e encenação. “Quando eu via a jaqueta, pensei – ‘Essa jaqueta não combina com esse boy’ – Mas depois que ele pede a jaqueta de volta, eu pensei – ‘Perfeito’”, disse. Algumas coisas lhe chamaram atenção, e como ela mesma disse: “Sou virginiana, muito detalhista”, brincou.
1º Luz – “Ela acaba tirando a tonalidade das rosas vermelhas do cenário, tirando a cor delas”.
2º Presença do ator Marcos Zandonai – “Eu preferia ter visto nos olhos dele, e não ter que virar para trás e perceber um outro ator, que no casaco falta um botão. Ou coloca um botão, ou tira esse cara. Queria ter ficado com a impressão de ter visto nos olhos do personagem, uma coisa que o espetáculo não me deixou”.
3º Figurino – “Acho o figurino bárbaro, devido ter a brutalidade da bota, e a suavidade da renda, mas o brilho da echarpe é indispensável. O tecido e o alongamento dele, ficam perfeito, mas não precisa do brilho”.   
Aplaudiu a direção, atuação, cenário e figurino. Praticamente o espetáculo todo, sendo ela apenas plateia e não debatedora, pois o mesmo conseguiu a envolver. “Só ajuda e complementam, além de me presentearem nesta noite”, finalizou.

Wilson Belém

“Fico pensando no olhar de hoje” - “Não pegar o cara pelo impacto, pelo choque, e sim, pegar pela delicadeza”, disse, sendo essa uma das coisas que ajudam no espetáculo. A solução de luz ficou completamente coerente quando se fala de morte. “Esse tema da morte trazida pela visibilidade do surgimento da aids – como retrata no conto de Caio Fernando Abreu – vincula morte e amor de tal forma que a doença acabou adquirindo uma coisa simbólica”, contou. O espetáculo traz e cria esse texto que é belíssimo, falando de uma ultima geração que teve uma crença, uma ideologia. Há um dialogo entre a geração de 80 e 90, a mesma do autor do conto, Caio, com essa nova geração. “Fico pensando no olhar de hoje; Em alguns momentos eu senti falta desse olhar de hoje sobre essas duas gerações”, comentou. Com emoção na palavra, o desempenho do ator José de Brito emocionante. “Fico pensando em será que hoje não seria interessante pensar num certo distanciado? Esse olhar de hoje sobre essas duas gerações”, insistiu ele. Reparou em algumas ações pertinentes e ações físicas. “Tem horas que está no limite e chega a hora da não ação, deixando a palavra ganhar o corpo, com um olhar cínico, com amor e com as relações”, finalizou. 

Nenhum comentário: