terça-feira, 24 de maio de 2011

Os pecados

Neste ultimo domingo, 22 de maio, o espetáculo teatral "Sete cabeças" foi o segundo espetáculo apresentado no "Projeto Mostra Colisão". O projeto mostra colisão, é um projeto que apresenta gratuitamente espetáculos teatrais, e após os mesmos, três profissionais com experiência no campo artístico e cultural promovem uma oficina/debate sobre o espetáculo apresentado. O Colisão teatral vai do dia 22 a 29 de maio.
  
Sobre o Espetáculo:

Elenco do sete pecados participando da oficina/debate.
A ideia do espetáculo é falar um pouco sobre o conceito de pecados, dentro de um contexto filosófico e religioso, sendo que o lado religioso é ressaltado mais pela personagem luxúria, porém presente em todos os outros. Dentro dos conceitos, a briga é devido à diferença, que pode gerar desavenças e dores. O personagem “Você” (Wellington Fraga), para no tempo pra questionar em cima dessas coisas. A identificação do publico com alguns dos pecados, ou até mesmo todos, é notória no decorrer do espetáculo que tenta responder todos os questionamentos como: “Será que eu sou o certo e aquele é o errado?” e dentre outras.

No início do processo a ideia principal era colocar os personagens como os atingidos pelos pecados. “A gula seria gorda, tentaríamos colocar um figurino que ela aparentasse ser gorda”, disse Bruno Medsta. Sendo que no decorrer do processo de montagem, perceberam que o conceito de pecado que tinham em mente estava distorcido, e com as pesquisas foram adaptando. “Percebi que a gula tinha que ser magra, pois comia mais e com isso era mais elétrica e assim por diante”.

Histórico do espetáculo:
2008 – Estreia do espetáculo teatral no Espaço de Cultura Sylvio Monteiro
2009 – Participação do Encontrate (Encontro de artes cênicas da baixada fluminense)
2010 – Encenação no Teia Baixada.
2011 – Apresentação no Projeto Mostra Colisão

A apresentação no colisão teatral:

“A apresentação de hoje está meio desfocada na parte da cenografia, devido neste ano a companhia estar preparando o próprio espetáculo “Sete cabeças” em uma releitura, remontagem”, afirmou Bruno Medsta, diretor do espetáculo e quem escreveu o texto sete cabeças. As cadeiras estão sendo reformuladas. “Durante a semana corremos atrás do material para trazer o espetáculo para o Colisão, e ficar o mais próximo das montagens anteriores”, contou.

Atores e processo de criação dos personagens:
Grande parte são alunos das oficinas de teatro que brevemente estarão integrando na companhia teatral.

Você (Wellington Fraga) – Seu processo, presente desde o início, foi indo à casa de Bruno Medsta e acompanhar o andamento da criação do texto, até que decidiu ser o personagem ‘Você’ ao pedir para o Bruno. “Eu quis o personagem por ser um desafio e diferente de tudo que eu já fiz em cena”, afirmou. Buscou dentro de si, e assistiu alguns filmes como “Constantine” e “Advogado do diabo”, mas por fim, acabou encontrando dentro de si.

Gula (Juliana) – Participa desde o processo inicial, e também no processo da nova montagem. “Tivemos que redobrar os trabalhos com isso, o que faz ser uma loucura”, disse. Por não ser muito considerado pecado capital acaba sendo mais difícil, de acordo com a atriz, fazer a encenação. “A Gula é como se fosse nosso pecado favorito, de alguns pelo menos eu acho, o que deixou muito complicado achar o foco desse personagem, e ainda assim, não consegui descobrir, por isso eu encontro um ponto de apoio nos outros pecados para poder interpretar a gula”, afirma.

Ira (Brenda) – Começou com o espetáculo a duas semanas atrás, não participou do processo desde o início. “Pesquisei sobre meu personagem no livro e na internet, mas me indaguei em porque eu iria pesquisar no livro e internet, se esse pecado está em mim, se eu sei como acontece”, revelou, afirmando que achou mais valioso pesquisar dentro de si e observar as discussões que presenciava em seu cotidiano do que em qualquer outro lugar.


Preguiça (Raiane) – Está no espetáculo desde o início do processo. “Eu fiz a preguiça, o que me facilita muito; Por que eu acho que sou a preguiça em pessoa”, brincou. No processo de laboratório foi simplesmente se estudar. Ela, consigo mesma, pois afirma que a preguiça estava dentro de si.

Vaidade (Carol França) – Também desde o inicio do processo. “Eu pesquisei em internet e levei muita bronca, devido meu texto ter que falar tudo rimando e sendo que eu tinha que ter expressão”, disse a atriz. A personagem feita pela mesma, de acordo com ela, não tem nada haver com o que ela é pessoalmente.


Avareza (Gilmar Draull) – No processo desde o início, não conseguia se ver dentro de seu personagem. “Quando eu fui fazer a avareza, eu pensei: 'não é nada de mim'; Daí eu pesquisei e comecei a observar as coisas no mundo, e vi que todos nós somos obrigados a ser avarento”, afirmou.

Inveja (José Maximo) – Quando o mesmo ficou sabendo que seu personagem era a inveja, achou que seria uma coisa boba, mas nos ensaios percebeu que não era. “Percebi que a inveja não é só querer o que é do outro, mas sim, querer e fazer melhor”.

Luxúria (Monique Pires) – A personagem ‘Luxúria’ começa o espetáculo de pernas ao ar, pois tomou uma pancada na cabeça e sua personalidade fora modificada. “Há quanto tempo não vão à igreja?”, repete sempre a personagem. A atriz diz que se viu pouco em seu personagem.






Surgimento do Grupo Código:

O grupo código surgiu da “ONG Grupo Sócio-cultural Códigos”, localizada em Japeri. Tem várias atividades além de teatro e atualmente estão concorrendo ao edital “Cine Faces”. Iniciou através de um projeto chamado ‘tempo livre’ com o Sesc Rio tendo oficinas do grupo ‘Nós no morro’, que produziu a companhia de teatro em 2005, logo após mudança de Nilópolis, onde recebia as oficinas quinzenais do ‘Nós no morro’, para Japeri. Em seguida, 2007, resolveram fundar a organização para trabalhar em cima das atividades culturais. “Hoje somos um ponto de cultura, temos atividades intensas e até um ponto de leitura, que é a nossa biblioteca cultural”, disse Jorge Braga, coordenador de projetos da ONG.

3 comentários:

Martingil Egypto disse...

Um jovem diretor do município de Japeri, em um texto de sua autoria, transforma os sete pecados capitais em personagens e consegue reunir jovens na faixa dos 18 aos 20 anos para encená-lo. Apesar da pouca idade e da pouca experiência no Teatro e na vida, demonstram garra e coragem, já que o texto apresenta certo grau de complexidade.
A proposta do cenário é despojada, mas funcional, composto apenas por cadeiras e malas.
As cadeiras utilizadas não se apresentavam dentro de um contexto teatral e também não se harmonizavam visualmente. Voltei a abordar o assunto “unidade visual”, mas o diretor justificou não ter havido tempo para que as cadeiras do espetáculo ficassem prontas.
Sugeri um tratamento, um desgaste em algumas das malas, por estarem com o aspecto de nunca terem sido utilizadas.
Ao final, uma surpresa de grande plasticidade e funcionalidade, onde todos os objetos são organizadamente amontoados, transformando-se em uma carroça conduzida pelos Pecados.

wilson belém disse...

O Grupo Código aponta para uma interessante proposta de linguagem, que ora parece fazer uma leitura contemporânea dos Mistérios e Moralidades medievais (através de personagens alegóricos representando os sete pecados capitais), ora nos remete à tradição da comicidade popular, do grotesco, da bufonaria. Tudo conduzido pelo personagem Você, um anti-herói, ao mesmo tempo poeta e filósofo, lúcido e romântico, quase sempre profético, desencantado pessimista.
Dá gosto ver a garra dos jovens atores em cena, a desenvoltura corporal, a entrega ao jogo e o total comprometimento com a proposta da direção.
Porém é necessário que o grupo faça um investimento sério e continuado no trabalho técnico, sobretudo de voz. Trabalho este voltado tanto para a fala (muitas vezes a compreensão do texto é prejudicada pela má articulação vocal) quanto para o canto, já que há muitos momentos musicais e é imprescindível que tudo soe bem e afinado.
Seria interessante também o grupo incluir no seu processo de trabalho o diálogo com outras tradições dramatúrgicas, o que só irá contribuir enriquecendo a sua pesquisa cênica.

Anônimo disse...

OLA COMO VAI FAÇO PARTE DO ESPETACULO SETE CABEÇAS MEU NOME É JOSÉ MAXIMO MAXIMO MAXIMO.
EU ADOREI TER APRESENTADO O SETE NO COLISÃO ACHEI INTERESSANTE PASSAR PELA VISTORIA DE ALGUNS JURADOS ISSO ME FEZ CRESCER MUITO MAIS COMO ATOR.
ASSISTI O ESPETACULO "A NOITE QUE ELE NÃO VEIO" GOSTEI MUITO MESMO GOSTEI DO MODO EM QUE ELES BRINCAVAM COM OBJETOS EM CENA...
E É ISSO
JOSÉ MAXIMO MAXIMO.. E NÃO MARCIO!